Skip to main content
/themes/custom/ufc/assets/img/default-hero.jpg

Mirko Cro Cop - Ultima tentativa ou um novo começo

Por: Thomas Gerbasi

Respeito. É a palavra que todo lutador procura e que Mirko Cro Cop mereceu na sua carreira depois de se tornar um dos maiores strikers do MMA, com vitórias sobre Kazuyuki Fujita, Kazushi Sakuraba, Heath Hearring, Igor Vovchanchyn, Aleksander Emelianenko, Josh Barnett, Kevin Randleman, Mark Coleman e Wanderlei Silva.          

Mas existe outro lado da equação do respeito, um que pode ver um lutador já estabelecido ficar acomodado com passar dos anos e, eventualmente, os seus treinadores se tornam mais fãs e amigos do que outra coisa. Cro Cop, depois de um pouco começo expressivo no Octógono, 2-3 nas primeiras cinco lutas no UFC, percebeu que havia sido vítima do seu próprio fenômeno. Ao invés de ignorar, ele resolveu mudar antes da sua luta contra Anthony Perosh, pelo UFC 110, em fevereiro. Para isso, ele optou por voltar às suas raízes e treinar com o renomado Ivan Hippolyte e sua equipe Vos Gym, em Amsterdam.      

      

"Não foi por respeito, mas eu não acho que eles estavam no mesmo nível dos profissionais de Amsterdam", disse Cro Cop, via conferência, sobre sua antiga equipe. "Eu não quero ofendê-los, pois eles são meus amigos que vieram me ajudar, mas eles não estão no nível dos lutadores que Ivan pode me oferecer em Amsterdam ou que eu posso achar na Vos Gym. Uma coisa é treinar com amigos meus, que são lutadores bons e sólidos, mas treinar com Remy Bojansky e outras estrelas do K-1 é bem diferente".   

      

E o treinamento se provou muito bom, depois de derrotar Perosh no segundo round, Cro Cop pediu novamente a ajuda de Hippolyte e sua equipe para a luta contra Pat Barry, pelo UFC 115, neste sábado, em Vancouver.      

      

"É muito bom treinar com um cara como Ivan Hippolyte. Primeiro, ele é um treinador de primeira em classe. E segundo que existem muitos parceiros de treino, coisa que eu não tinha em Zagreb. É bom ir até e ficar isolado e mesmo nesse caso, eles vieram e passaram quatro semanas comigo em Zagreb".      

       

Se esse parece um novo Mirko Cro Cop, é porque é. Notoriamente conhecido como calado e quieto, Cro Cop chegou cedo em Sydney, conversou com fãs e até apareceu na conferência pós-luta. A recente conferência do UFC 115 foi igualmente surpreendente com Cro Cop respondendo as perguntas de forma pensada e expansiva. Talvez ele esteja realmente se acostumando com o mundo do UFC.      

       

"Eu estou mais relaxado do que nas minhas outras lutas, sem dúvidas".      

      

Aos 35 anos, Cro Cop também não tem mais nada a provar. Além disso, vai lutar contra Barry, com quem ele provavelmente não terá que se preocupar em ser levado para baixo, ele está completamente recuperado da lesão do joelho direito.      

      

"Eu tive uma lesão séria há dois anos e isso refletiu nos meus chutes. Eu tinha medo de chutar, principalmente porque o machucado ainda estava recente. Era suicídio, de acordo com o médico, mas eu decidi lutar (no UFC 99 contra Mostapha Al Turk) e decidi lutar novamente com Junior 'Cigano'  dos Santos no UFC 103, o que não foi uma boa ideia. Eu sou lutador, gosto de lutar, de competir, mas você precisa tomar decisões com a cabeça e não com o coração".      

      

E essas são ótimas notícias para a legião de fãs de Cro Cop, muitos dos quais irão até Vancouver esse final de semana para ver o seu herói em ação. E mesmo com a provável intensidade da luta entre os dois ex-strikers do K-1, não haverá nada além de respeito dentro do octógono.      

"Eu nunca encontrei Pat, mas eu gosto do cara. Não porque ele disse que eu sou um dos seus lutadores favoritos; eu gosto dele porque ele é muito educado e eu não gosto de lutadores com atitudes provocativas dentro das conferências. Isso é um esporte e eu gosto das pessoas que agem como esportistas. Vai ser uma luta muito boa e eu acho que o público ficará bastante satisfeito com a luta. Outra coisa é que muitos fãs e bandeiras croatas também estarão por lá. Então, o que mais um lutador poderia querer"?      

      

E ainda que ele não diga, Cro Cop também está, provavelmente esperando uma vitória, aquela que seria sua quarta no UFC e quinta no total depois de derrotas consecutivas para Gabriel 'Napão' Gonzaga e Cheick Kongo em 2007. E provaria ainda que apesar de estar nos seus 30 e poucos e depois de ter passado por algumas batalhas, ele ainda tem o necessário para competir nesse nível e, quem sabe, ir em busca do título do pesado.      

      

E se isso acontecer, talvez você até veja um sorriso no rosto de Cro Cop, mas aconteça o que acontecer, ele está pronto para o que vier.      

      

"Eu estou feliz com a vida que tenho e vou continuar lutando pelo tempo que conseguir, que tiver físico para isso e que tiver gente que queira me ver lutar. Eu tenho vivido como um soldado pelos últimos dez anos - dois treinamentos por dia, faça isso, faça aquilo, cuide disso, cuide daquilo".      

      

Ele pausa por um momento.      

      

"Mas eu sou um cara feliz agora".